sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Querido monstro

sua cabeça se tornou nada mais que algo triste e miserável
insustentável  
seus vícios já não preenchiam o vazio, a dor e a loucura
sentia-se em uma nuvem de dor e desespero 
não tinha mais para onde fugir 
sua mente fazia-o confuso e perdido em meio aos clichês
seu coração havia se tornado de pedra, e seus olhos não viam mais a luz  
a noite era seu estado de alma constante imutável, exageradamente doloroso 
o garoto tímido e recatado ficou esquecido no mundo perfeito de sua mente
agora, oq ele via no espelho era o reflexo de seus amigos, seus vedadeiros amigos;
a nicotina, o alcool, os livros, a música.  
seus ossos expressavam o quão seco estava seu espírito e seus olhos não enxergavam mais a luz 
a luz agora era apenas uma lembrança de um dia belo e os dias belos não aconteciam mais a melancolia, a dor e o despero eram pedaços de madeira que ele usava para construir um barco que o levaria a navegar no oceano de lágrimas amargas de todos os dias  
não se importava mais com as pessoas, e elas também haviam cansado de se importar com ele  
pessoas normais temiam a morte, mas ele temia a vida  
o ar entrando em seus pulmões o amedrontava e cada suspiro representava um punhal sendo fincado em seu peito  
malditas hemáceas que insistiam em levar o ar de seus pulmões até seus tecidos  
maldito sangue, malditos tecidos
maldito pó ao qual ele ansiava retornar 
não haviam mais sonhos não havia mais vontade de sonhar apenas um apetite pela morte
obsessiva mente que definhava dentro daquele saco de ossos pálido, figura que dava medo era apenas uma sombra, um espírito morto e vivo e morto vagando por lugares estranhos que pareciam mais mortos que seu interior 
queria voltar a ser o animal bom  
não queria mais ser parte daquele meio corrompido mas o futuro imperfeito conjugava-se no brilho fosco de seus olhos negros que não viam mais a luz 
viam apenas a dor
e o desespero de uma alma que clamava por misericórdia  
um grito de socorro abafado
um feixe de luz ofuscado 
era um bom rapaz, um bom filho, um bom amigo. mas não existiam pessoas que pudessem descobrir isso  
não estavam interessadas em tentar descobrir isso  
viam apenas aquele monstro  
esquecido por si mesmo e por todos os outros.

Nenhum comentário: