os ombros ao sol, as sapatilhas cor de rosa
e o vestido azul jeans
azul céu
azul manhã ensolarada
e os ombros cansados
queimados
falhos
hoje não há vento ou brisa
pra bagunçar seu cabelo
castanho
não há vento ou brisa
pra refrescar a face
estranha
estranha de outros dias
de outros espelhos
e outros amantes
silhuetas de folhas
de cadeiras e de vontades
folhas secas em seus pés
em sua memória
cicatrizes infantis dos joelhos
que por vezes dobraram-se em preces
em traumas
em prantos
joelhos calejados de suspiros
e beijados por um sol tão recente
aos pés, a areia
aos ouvidos, a orquestra
às maçãs torpes da face, as sardas
de um olá ou de um adeus
de um sim ou de um talvez
de um sol ou de uma nuvem
um azul inebriante leva
e um vermelho sedento guarda
as intenções e impressões deste que fala e ouve
e guarda.