sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

sunsets and neon lights

acordou, e era como uma fotografia antiga
de uma Las Vegas diurna 
esperava, e a noite não chegava.
queria luzes de neon
dançarinas de sorriso decadente
e brilho fosco de olhares entediados


queria uma noite de jogatina e alcool
seus pulmões nublados
sua roupa impregnada de um perfume barato de algum desconhecido.


queria a noite, um whisky vagabundo e um caça palavras no bar do cassino.
malabaristas com fogo e palhaços depressivos.
e velhas putas se exibindo nas calçada.
ou num beco escuro.
ou em qualquer lugar com alguém que pudesse pagar pela exibição.

mas toda essa luz o obriga a ficar em seu quarto
com as janelas abertas e as cortinas fechadas.
um pequeno fragmento de luz invade o quarto
iluminando a poeira, o mofo e a fumaça.


a fumaça aumentava.
e começava a tomar o quarto enquanto o vento dava voz a ela do lado de fora.
não apenas a fumaça, mas também o fogo.
por todo lado.

não apenas a fumaça e o fogo, mas também o calor.

e o dia ensolarado, e todo aquele deserto lá fora, só o potenciavam.
tentava pensar nas bailarinas, nas velhas putas e nas luzes neon.
brilhantes, fantásticas, fabulosas.
luzes que ele não voltaria a ver.


como uma fotografia antiga de uma Las Vegas diurna, estava aquele quarto; esbanjando calor e queimando como uma ideia.
estralando um ar de decadência.
e de glamour.
o fogo estralando.


aos poucos o fogo se foi, sobrando apenas o calor e a fumaça.
- carbonizado, eles disseram, o corpo está carbonizado.
- hnm. isso é o que o fogo faz com as pessoas, idiota.
- ok. pare de me encher o saco e vamos tomar algumas, já é noite em Las Vegas e eu estou sóbrio.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

distorted lullabies

as luzes se apagam
seus olhos tentam descansar
mas continua a ver
as luzes
os flashes
as imagens distorcidas de sua vida vaga

falta o que agora?
uma canção de ninar não resolverá
uma história contada por uma voz doce não resolverá

acende a luz
pega alguma coisa pra ler


acende a luz
pega o isqueiro 
um trago na escuridão da noite e na claridade dos seus pensamentos
e do seu quarto
vazio


here is the light, oh, let it shine trough me
oh, let it burn.
let it burn.

vai cantar suas próprias canções de ninar
destorcidas
desvairadas
descontidas
enfim, destorcidas

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

e você gosta


a qualquer momento a ferida vai cicatrizar.
a qualquer hora até a menor dor irá cessar.
pensa então em uma nova forma de achar o o seu remédio.
a sua cura. a cura pra a cura.
o remédio causa a dor.
o remédio causador.
da dor.
a dor.
doce dor amarga.
se corta e se quebra e se espanca.
se fura se rasga se pendura.
se estica se joga se levanta.
e goza, e treme, e não se aguenta.
em cada nova dose um novo tipo de sensação.
e a cada nova abstinência uma nova forma de expirmentar de uma próxima vez.
como anestesia.
como passatempo.
como escape.
pra ter um assunto com o cara que senta ao seu lado no ônibus.
pra sentir o alto relevo da cicatriz na pele. ou ainda sentir as cicatrizes que ficam indeléveis. aquelas que só marcam a memória.
é o que expulsa os demônios.
é o que limpa a sua alma.
é o que te faz sentir mais leve. 
e mais saciado.
é o que te sacia.
é o que você gosta. e isso basta.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

nojo, asco e um pouco de sangue
olhos parados, mente insane
pulsos arrocheados e boca azulada
cabelo bagunçado, respiração ofegante

nunca gostou de clichês, e agora virou um
nunca apreciou as cores, e já vem cheio de arco-íris

silêncio, espera e um pouco de sangue
músculos doloridos, cabeça doendo
dedos esfolados e cotovelos vermelhos
estômago ácido, respiração ofegante

nunca deu explicações, e agora preza o diálogo
nunca esperou nada, mas agora a agonia é incessante

um quase monólogo
um quase escândalo
um quarto fechado
um amor de estudante

nojo das suas palavras
nojo das mesmas palavras repitidas
nojo das suas atitudes infantis
nojo do que vc tem pra dizer

nojo, asco e um pouco de sangue

segunda-feira, 5 de julho de 2010

esmalte

e ele olhava os raios de sol atravessando os cabelos dela enquanto ela pintava as unhas do pé
uma xícara de café
- já acordou, amor?
- eu fiz café pra vc, ta amargo, do jeito que 'cê' gosta
ele esboça um sorriso e continua ali, deitado, olhando pr'aquela doce criatura
como pode um ser assim se perder?
como ele poderá não deixar que ela se perca?
- deixa eu ser seu presente?
- han?
- deixa eu ser seu presente?
- oq vc quer dizer com isso?- ela diz enquanto sorri e ergue a sombrancelha esquerda
- deixa eu ser seu presente, querida. esqueça o passado.
- mas e as cicatrizes?
ela limpa o esmalte das bordas das unhas.
ele apaga o cigarro dela.
se aproxima, dá um beijo em sua testa, afasta o cabelo dos olhos dela, beija sua testa.
toma um gole de café.
dá um suspiro, e olhando em seus olhos diz:
- a gente dá um sumiço nelas.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

about the silence


uma vez em azul e vermelho 
uma vez em cores vibrantes
uma imagem, um pôr do sol
seus gostos, seus olhos, sua espera, sua dor, sua intensidade.

seu medo do passado.
seu medo do futuro.
sua saudade constante e sua melancolia.


seus devaneios.





terça-feira, 8 de junho de 2010

sou?

sou o que vc disser
sou os seus braços mornos e seus ossos cheios de vida morna
sou vc e sou eu
sou o que vc quiser

sou sua pélvis latente, e seus olhos pulsantes
seus olhos amanhecendo enquanto a lua nasce
seu riso sério
sua máscara de dia bom
suas mágoas, suas lembranças
sou nós.
sou suas mãos macias
sou o que vc espera em uma noite fria
sou eu, sentada em seu colo e sorrindo para os seus ombros
sou o que te esquenta, oq deixa um sabor alcoolico em seus lábios

sou sua busca incessante
sou nós.
sou vc buscando em mim algum sentido
sou.
as vozes em minha cabeça.
os devaneios da cafeína.
os delírios da nicotina.
sou a vontade de te mostrar
sou a privação dos seus desejos nesse lugar distante de mim
sou as noites em que vc dorme só
e sou tudo o que precisamos em um cheiro suave

sou você entre minhas digitais.
sou você entre meus cabelos.
sou seu sangue, e meu sangue.
sou suas cicatrizes e seus traumas.
somos nossos passados.
sou lisa e sou cecília ao seu lado.
sou o que vc desejar essa noite.
sou seu prazer no meu prazer.
sou seus dentes afiados
seus olhos dispersos.
sua boca entediada, sou sua velhice.
sou seus critérios. sou a sua falta de critérios.
sou.
somos.
seremos.
seremos o gosto de metal que não tem gosto de metal e sim de fome por mais um trago do que ainda não tem nome.
e houve até sol.
e frio.
e houve calor.
sou nosso calor.
sou o que nos esquenta.
sou o que ainda não tem nome pra você.
sou quem vc está aprendendo a amar.
sou nós.
nosso segredo e nossa verdade.
e tudo o que nós queremos contar pro mundo.
e desejar.

seremos ainda tudo o que quisermos.
nossas palavras.
nossas saudades
nossas belezas
nossas aparencias
nossas [in]delicadezas

e quando vc vem me ver eu sou o que vc quer ver
e quando vc vem, eu sou.
nossas conversas e nossas promessas.
nossa vontade de sermos mais que um amor de verão, que durou mais que três estações.
sou o que vc quiser e puder. amar.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

quando ela tira o vestido


por mais que tudo pareça um jogo, e por mais que tudo pareça planejado e certo e seguindo um rumo pré-determinado, o seus olhos hoje brilharam mais que o normal.
talvez seja mesmo melhor esperar. mas suas mãos continuam trêmulas e frias. e as dela continuam quentes, e recomfortantes.
e seus olhos continuvam fixos num horizonte distante.
seu olhar confuso. seus olhos fundos. expressivos. suas olheiras.
seus braços finos.
sua voz de desenho animado.
'dias soltos no quintal vão me dando a direção'

quer saber oq eu quis?
eu quis o mesmo que vc naquela noite. eu quis não saber oq estava fazendo. eu quis abraços, eu quis contato, eu quis calor, eu quis proximidade.
eu quis aquela noite, e aqueles beijos, e toda a noite sonolenta e embriagante.
quis parar com os vícios por vc.
mais um dia de sorrisos e caretas.
quis não ter oq dizer. quis seu olhar infantil e doce.
suas 'maldades' e seus encantos.
não ter q dormir. quis não dormir. quis amanhecer sentindo seu olhar em mim enquanto me distraía com seus lábios.
quis saber mais que o superficial e instantâneo.
saber oq estava por baixo da máscara de ódio e nervosismo.
ver mais um amanhecer. quis ser mais cecília que lisa. 
mais cecília q jack's wasted life.
mais cecília que qualquer outro alter ego.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

where, oh where can it be?!

o beijo quente e as mãos frias
e os olhos castanhos pedindo aprovação
agora as cinzas vão sendo consumidas pelo tempo, pelo cimento e pelo lodo atrás da casa.
todas as perspectivas de um futuro bom acabaram derretendo e escorrendo por entre seus dedos.
e quando olhou pra trás viu apenas a imagem espelhada de sua alma perturbada.
que dia era ontem? 
presente presente, tudo agora é o agora.
não tem mais lembranças de um belo dia de sol, ou ao menos esperanças do porvir.
agora agora, tudo presente é o presente.
e um segundo atrás já não poderá existir daqui a um segundo.
já não pode mais ignorar a tristeza que há por trás de tudo, é preciso enxergá-la.
é preciso entender o porquê de sua existência.
da tristeza e de si.
e os outros acabaram ignorando tudo.
a dor, a preocupação, a náusea, a agonia, a ansiedade.
que cantem uma nova canção, que cantem qualquer uma delas.
tudo oq precisa agora é dormir com o silêncio das batidas de sua memória defasada.
agora chora. depois vai sorrir. e depois chorar. e depois verá o quao cíclica é toda essa existência. 
quanta fragilidade ao redor. quanta beleza na natureza morta.
agora suspira e abre os olhos.
a vida parece ser um sonho bom, mas sobremaneira surreal.
parece um ninho. parece um quarto vazio. parece uma gangorra.
pés na grama verde, os cabelos ao vento, o sol beijando a pele, os olhos abertos e fechados e abertos.
e a geladeira vazia. e o estômago vazio.
e a vida como um flash, numa fração de segundos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

and the colors

raios por todo lado.
aprendeu a acostumar-se.
as cores vibrantes e os redemoinhos de vento
os efeitos coraterais de sua vida acomodada, e as batidas na porta pedindo apenas por uma oportunidade.
deixe-a entrar. 
deixe-a entrar.
deixe-a mostrar o outro lado e todas as cores que tornaram-se pálidas com o tempo. 
deixe de lado o pudor e as máscaras que cultivou ao longo de todos esses anos.
as batidas na porta podem cessar. pode não haver arrpendimento de sua parte, pode não haver vontade de levantar-se dessa velha poltrona cinza. 
ahhh,mas pode ser tão bom levantar daí!
sua mala continua vazia, a única bagagem que carrega é o egoísmo por esse seu coração de cor pastel.
deixe-a entrar.
os olhos cor de mel, as veias azuladas saltando da pele alva, os cabelos sem cor definida, a visão turva, as mãos trêmulas, o espelho e boca sedenta.
deixe-a entrar.
janelas pequenas demais, fôlego curto demais.
os motivos se esgotaram, as desculpas já não convencem mais.
então por que não?
deixe-a entrar.
deixe-se sair, perca-se.
perca-se por um minuto ao menos, nos labirintos do mundo real.
perca-se pelos caminhos desconhecidos.
deixe o gosto de metal fluir.
deixe-a entrar.
não tenha mais o velho conceito de certo e errado.
não enteda mais a diferença. não importe-se mais com as diferenças.
escolha o igual. escolha o mesmo que vc.
escolha você.
e por favor, deixe-a entrar.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

a dust in the wind

acordou se perguntando como tinha ficado com a cara tão trágica assim.
acostumado a olhar para o chão, nem mais sabia a cor das estrelhas cotidianas.
nem a cor de seus olhos fazia qualquer sentido sentido agora. nada fazia sentido.
seus erros, seus amores, as dores passadas, e até mesmo seus raros momentos alegres se misturavam e o confundiam.
sua garganta dói. seus olhos doem. em suas veias parece correr enchofre e pedaços de alumínio. nada faz sentido.
suas cicatrizes o lembram da dor. do furor. das ressacas. das empolgações. de sua juventude. e agora, nada mais importa.pq sua garganta dói. e nada faz sentido.
engole a dor, engole seu passado, engole todas as memórias, engole o sangue que escorre dos pulsos. engole a desgraça da sua vida. engole tudo. 
agora já não dá mais pra tentar amar, pra tentar viver.
sempre disseram pra que desse uma chance a si.
egoísta, frio. possessivo de si.
um dia chegou a ser doce, piedoso e amável. mas isso já se tornou aquela memória que nem tentando muito consegue-se resgatar.
nem se houvesse chance. agora não ale a pena mais. pq sua garganta ainda dói, e nada mais faz sentido.