quarta-feira, 19 de agosto de 2009

outro dela

Deitada no chão do banheiro, ela examina a claridade, analisa as rachaduras da parede e a velhice do espelho. Unhas vermelhas lascadas, pele branca, veias azuis esverdeadas, frio. Enrola o fio dos fones de ouvido em sua mão esquerda, enquanto a direita passa para a próxima música nostalgica. Mais um sábado depressivo. Vontade que os familiares saiam para que ela possa acender um cigarro na área de serviço. Vontade de sair, comprar a cerveja da garrafa verde e o cigarro do rótulo vermelho e sentar-se no meio fio de uma praça abandonada qualquer. Não quer ser vista, não quer ver ninguém. Saudade do beijo, do abraço,do sorriso. Quer sua inocência de volta, embalada pela roda gigante, algodão doce, música alegre e pedrinhas furta-cor. Quer carrocel,sorriso demente, infantil. Vida sem café, obrigações adultas, música depressiva, responsabilidades, concreto cinza e linhas modernas. quem tirou isso dela?

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